martes, 14 de mayo de 2013

Brasil:Jaime Lerner, el realizador de sueños

LOS VERDES
DE
ALCALÁ DE HENARES

CIDADE
Marcelo Saco

Parque Barreirinha, em Curitiba

HOMENAGEM

Jaime Lerner, o realizador de sonhos

Referência mundial em planejamento urbano, o arquiteto que já foi duas vezes prefeito de Curitiba e duas vezes governador do Paraná mostra como pode ser simples transformar uma cidade


Por Regina Galvão
Revista Casa Claudia
Local: sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Ano: 1990. Cena: auditório lotado. Ao microfone, o uruguaio Enrique Iglesias anuncia a entrega do Prêmio Máximo para o Meio Ambiente: "Vamos receber o prefeito responsável por tornar Curitiba a capital verde do Brasil".
O público aplaude entusiasmado. Essa cena emocionante faz parte da biografia do arquiteto Jaime Lerner, mentor de uma revolução urbanística que projetou a capital do Paraná internacionalmente, transformando-a em referência mundial em planejamento urbano.
Passados 17 anos do episódio, Lerner continua a ser requisitado por empresas e prefeituras de vários países interessadas em ouvir suas idéias. "Me tornei o Amyr Klink das cidades", diz o bem-humorado curitibano.
Lerner começou a chamar a atenção em 1971, quando foi nomeado prefeito de Curitiba, aos 33 anos. Elegeu-se duas vezes prefeito (1979-83 e 1989-92) e duas vezes governador (1995-98 e 1999-2002). Assessorado por uma equipe talentosa, operou mudanças polêmicas.
Foi o caso da rua 15 de Novembro, em 1972, transformada em área para pedestres em apenas 72 horas. "As mudanças têm de ser rápidas. Inovar é começar", diz. Na época, o Automóvel Clube organizou uma carreata para atravessar o local, mas Lerner desarmou a manifestação com perspicácia: cobriu o calçadão de papel e chamou crianças para desenhar.
Ao vencer resistências, transformou a cidade. "Nossa paisagem surgiu por vias administrativas", diz o cartunista Dante Mendonça.
Jaime Lerner sabe que mudanças positivas elevam a auto-estima do cidadão. "Ninguém segura uma população motivada." Quer levar a experiência a Luanda, em Angola, onde planeja revitalizar a orla marítima, solucionar o problema do lixo e do sistema viário.
Entre os prefeitos que o procuraram recentemente estão o de Buenos Aires, na Argentina, o de Durango, no México, e o de Amã, na Jordânia. Nos encontros, divulga sua idéia de cidade sustentável: a que integra moradia, trabalho e lazer, preserva a história e investe em transporte coletivo.
"Lerner é o campeão de enxergar o óbvio", diz Maí Nascimento, autora de livros sobre a história de Curitiba. Ou, como prefere o diretor Carlos Deiró, que prepara um filme sobre o urbanista: "Ele vê além da montanha".
Árvores e parques
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Ovelhas levadas aos parques: alegria para crianças e grama aparada
Entre as cidades brasileiras, Curitiba é a que tem o maior índice de área verde por habitante: 52 m2* (segundo a Organização Mundial de Saúde, o mínimo recomendado é 12 m2). Nem sempre foi assim. Em 1971, a cidade contabilizava 0,5 m2 por habitante e a população era três vezes menor do que os atuais 1,8 milhão** de moradores.
A transformação ocorreu graças a campanhas que incentivavam a população a irrigar as árvores plantadas pelas ruas. "Com o slogan 'Nós damos a sombra e você a água fresca', conseguimos assegurar a sobrevivência de 1 milhão de árvores", conta Lerner.
A desapropriação de bosques também contribuiu para a arborização. Outra boa idéia da equipe de Lerner foi levar ovelhas para os parques: os bichinhos encantam as crianças e mantêm a grama aparada.
*Dado de 2006 da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Curitiba.
** Dado de 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Reciclagem
Antes mesmo de o assunto virar moda, Curitiba já discutia sobre o lixo que não era lixo. A campanha começou nas escolas durante as aulas de meio ambiente, introduzidas pela prefeitura nos anos 1980. "As crianças orientaram os pais a separar o lixo orgânico daquele que podia ser reaproveitado", conta Lerner.
Esse investimento em educação para o meio ambiente faz efeito até hoje, como atesta a manicure Leila Araújo. "Levei uma bronca do meu filho ao tentar jogar o óleo de uma caçarola no ralo da pia. 'Mãe, você vai poluir os rios e matar os peixes', ele gritou."
Em 1991, o programa de reciclagem foi estendido às favelas, batizado de Câmbio Verde. "Trocava-se lixo por cestas básicas e vale-transporte. As favelas luziam de tão limpas", recorda Nireu Teixeira, três vezes chefe-de-gabinete de Lerner.
Transporte coletivo
Lina Faria{txtalt}
Lerner em uma das estações tubulares suspensas
"Quer ajudar o meio ambiente? Use menos seu automóvel." O conselho de Jaime Lerner repercute bem entre os curitibanos (curiosamente, a capital paranaense tem o maior número de carros por habitante do país). O transporte público de boa qualidade incentiva o uso pela população. Implantado em 1992, o Sistema Expresso prevê canaletas exclusivas para os ônibus, além de estações tubulares suspensas com cobradores.
Elevadores garantem o acesso de usuários de cadeira de rodas. "Metronizamos o ônibus. O embarque é rápido e ocorre no mesmo nível da entrada do veículo. Transportamos 36 mil passageiros por hora numa mesma direção a um custo 100 vezes menor por quilômetro do que o do metrô", diz. O sistema foi exportado para Seul, Los Angeles e outras 81 cidades
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