miércoles, 27 de marzo de 2013

Brigadeiro Faria Lima


terça-feira, 21 de julho de 2009

Brigadeiro Faria Lima: O eterno prefeito de São Paulo

Prefeito Faria Lima, em janeiro de 1969, na inauguração dos painéis do pintor Clóvis Graciano instalados na avenida Rubem Berta, uma das obras viárias do prefeito Faria Lima Ele se chamava José Vicente de Faria Lima. Na Aeronáutica, era o brigadeiro Faria Lima, e depois de eleito tornou-se o prefeito Faria Lima. Na realidade era o jardineiro de uma rosa, uma rosa chamada São Paulo, regada com o suor do povo trabalhador da terra. Faria Lima é quem melhor representa o espírito e o dinamismo dessa cidade cuja vocação é liderar e apontar o futuro para os brasileiros em geral.
Neste ano estamos comemorando o centenário de nascimento do eterno prefeito de São Paulo. Chegou ao mundo em 7 de outubro de 1909, no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, aquele que seria o mais paulista de todos os cariocas. Faria Lima, que formou-se engenheiro aeronáutico em Paris, teve uma brilhante biografia militar, tendo participado com o Brigadeiro Eduardo Gomes da criação da Aeronáutica e sido um dos pioneiros do famoso CAN (Correio Aéreo Nacional), fator decisivo da integração nacional.
Nas idas e vindas da carreira, ainda como coronel, acabou transferido para São Paulo, para o Parque da Aeronáutica no Campo de Marte Destacou-se como administrador e ficou conhecido pelo apoio que a unidade militar que comandava oferecia à nascente indústria automobilística. Acabou atraído para a política por Jânio Quadros – inicialmente para presidir a VASP. Posteriormente foi Secretário de Viação, Transporte e Obras Públicas na gestão de Jânio como governador paulista.
Desenvolveu uma obra gigantesca, com destaque para a construção e asfaltamento de estradas no interior do estado e permaneceu como secretário na administração Carvalho Pinto. Com a vitória de Jânio Quadros para a presidência da República, seguiu para Brasília, onde ocupou a presidência do BNDES. Em 1962 foi candidato a vice-governador na chapa com Jânio Quadros para governador, mas perdeu a eleição.
Disputou a prefeitura de São Paulo em 1965 e obteve uma esmagadora vitória nas urnas. Ganhou uma decisiva batalha por mais verbas para as capitais e, com isso, assegurou os recursos para seu plano de obras. Sua administração foi a mais fecunda da história da cidade. Revolucionou a fisionomia da metrópole, preparando São Paulo para seu destino.
A visão de futuro guiava suas ações. Rasgou inúmeras avenidas, como a 23 de Maio, Av. Ruben Berta,  Radial Leste,  Estrada de Itapecerica e, inclusive, as Marginais. Alargou e duplicou, entre outras, a Av. Rebouças,  Rua da Consolação,  Av. Sumaré,  Av. Pacaembu, Av. Cruzeiro do Sul (antiga Rua Iguatemi) e  Av. Rio Branco. Construiu escolas, privilegiando o ensino profissionalizante, edificou o Hospital da Lapa e inúmeras unidades de saúde e conjuntos habitacionais. O Parque Continental, a COHAB e a primeira creche são obras suas.
Faria Lima desenvolveu estudos e, pilotando uma moto-niveladora, iniciou as obras do metrô de São Paulo. Acompanhava pessoalmente os canteiros de obras implantados na cidade. Madrugava, dirigindo seu Fusquinha vermelho, com o qual inspecionava, sozinho, o andamento das obras. Era um homem enérgico. Não era de discursos, mas de ação. O ritmo de obras durante sua gestão era alucinante.
Testes do Metrô em 1972, uma das obras viabilizadas na gestão do prefeito Faria Lima
Com ele, foi dada nova feição à estrutura administrativa da cidade, criando as Administrações Regionais, construiu a nova Câmara Municipal, o MASP, inaugurado com a presença da Rainha da Inglaterra, criou o Tribunal de Contas do Município, promoveu uma ampla reforma do funcionalismo municipal. Foi 
dele a iniciativa de elaborar o primeiro Plano Diretor do Município de São Paulo.
Mas, mais do que as obras materiais que moldaram a moderna São Paulo,  são os valores intangíveis de sua personalidade – como seu exemplo de dedicação ao trabalho, seu amor à cidade, sua persistência, sua dedicação – que iluminam a lembrança do Brigadeiro Faria Lima.  Neste momento conturbado que atravessamos, em que os verdadeiros valores parecem ter sido eclipsados, o exemplo de Faria Lima, suas virtudes como homem, como brasileiro, devem ser reverenciadas, para servir de norte às novas gerações.

Pesquisas da época apontavam índices inacreditáveis, jamais igualados, que atingiam 97% de aprovação popular. Faria Lima morreu no auge de sua popularidade, aos 59 anos. Os brasileiros de São Paulo o acompanharam, perplexos, até a sua última morada, no cemitério do Campo Grande Nascia um mito. Faria Lima ficou no imaginário paulistano como o realizador, aquele que construiu os alicerces de São Paulo e humanizou a cidade.
O tempo passa rápido demais. A vida é um lampejo de luz entre duas noites muito longas e escuras. Poucos sabem que o brigadeiro José Vicente de Faria Lima esteve muito próximo a assumir a Presidência da República no dia quatro de setembro de 1969. Estava no Rio de Janeiro evitando uma crise militar, que poderia ter tido consequências desastrosas. Ele seria o substituto do presidente Costa e Silva. Os insondáveis desígnios de Deus e a cruel ironia do destino não o permitiram. Um enfarto fulminante, na casa de Aurora Miranda, grande amiga da família, frustrou o Brasil.
O “One-eleven” presidencial fez escala em São Paulo, deixando seu irmão –, o tenente- brigadeiro Roberto Faria Lima, então comandante da V zona Aérea em Porto Alegre – para as cerimônias fúnebres e seguiu viagem para Brasília, para dar posse ao general Médici, comandante do III Exército. A história oculta da nação nos deixa a imaginar como poderia ter sido a realidade do Brasil caso Faria Lima tivesse assumido a cabine de comando.
O “fazejador”, como ele se classificava, foi uma alternativa perdida. Faria Lima, escreveu a mais bela história de amor por São Paulo e tem seu lugar cativo nas mentes e corações dos paulistas.
Por José Roberto Faria Lima (ex-deputado federal, ex-presidente da Prodam/SP e  membro do Conselho de Economia da Fecomercio).
Fonte: Diário do Comércio

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